domingo, 7 de abril de 2013

Nem tudo que cai do céu vem dos deuses


Nem tudo que cai do céu vem dos deuses

 
No ano de 1980 foi lançado no cinema um filme com o título em português, “Os deuses devem estar loucos” ─ The Gods Must Be Crazy.  O filme gira em torno de uma questão ou opinião, sobre algo que desconhecemos, vemos e não sabemos a origem, a finalidade ou a utilidade. E damos os sentidos que entendemos, compreendemos ou achamos, de acordo com as nossas experiências acumuladas, ou o conhecimento e informações, adquiridos até aquele momento.

A história do filme começa com um piloto voando baixo, em um pequeno avião, sobre planícies africanas. Ao pilotar e tomar um refrigerante descarta a garrafa para fora do avião, em uma região inóspita e aparentemente não habitada da África. Nativos do local encontram a garrafa, um objeto desconhecido até então, e julgam que ela tenha sido lançada pelos deuses. Começam então a criar e recriar utilidades ao vasilhame de refrigerante que chegara dos céus. Utilizaram como armazenador de água, como um porrete para quebrar nozes e frutos, como marcação de jogos, etc. e etc.

Por fim os nativos não civilizados acabam se desentendendo por haver um único exemplar da garrafa e todos querendo ser o possuidor, daquilo que tantos benefícios e utilidades lhes proporcionou, chegando a uma adoração pelo objeto. A antiga busca do homem pelo poder e pelo conhecimento.

Na intenção de acabar com os problemas também trazidos pelo objeto, resolvem atirá-la para fora do planeta, do seu universo, e de suas vidas, e saem em busca deste local onde julgavam ser possível lançar a garrafa para longe do seu universo, se desfazer da garrafa que trouxera mais problemas que soluções.

Povos e civilizações sempre atribuíram poderes a deuses que habitam algum lugar do mundo invisível, no céu ou no espaço. Um exemplo é o sertanejo que coloca sua fé em São José, que mande boas chuvas para que a colheita e criação seja farta e que a ceia seja santa.

No século XVIII foi descoberto um meteorito no sertão da Bahia um meteoro que foi batizado de Bedengó, No século seguinte Antonio Vicente Mendes Maciel, o Antonio Conselheiro (AC), depois de suas andanças pelo sertão instalou seu arraial na mesma região.  Não foi descrito na história, mas Antonio Conselheiro pode ter ido ao local da queda do meteoro (AC/DC), por uma mensagem, julgando ser o local ideal para fundar o seu arraial. Tal como os Reis Magos seguiram a Estrela de Belém. Três pessoas foram fundamentais na resistência do arraial, contra as tropas da “mundiça”. Zé Lucena, Vilanova e João Abade, que foram ao seu encontro no sertão.

No dia 3 de abril (2013), em uma faculdade particular de Natal/RN, durante uma aula de direito, quem sabe falando sobre as leis mosaicas. Fragmentos começaram a cair do alto alertando alunos a observar uma rachadura no teto, vindo após fragmentos maiores ao chão. A direção da faculdade cujo nome lembra um artefato bélico, indagada sobre o caso declarou que já estava no cronograma de obras, modificações da sala onde aconteceu uma antecipação da demolição promovida por deuses ocultos no sótão.

Com certeza tudo o que caiu do teto da sala não foi presente de Minerva, a deusa romana das artes e da sabedoria (símbolo da UFRJ – Universidade Federal do Rio de Janeiro). Mas de casos e descasos, despreparos e desajustes de profissionais na construção, na manutenção e na inspeção de materiais sólidos suspensos, que compõem a forração ou rebaixamento do teto em questão. Mas quem sabe, pode ter sido um alerta também.

 



Artigo publicado  no Jornal de HOJE
08/04/2013 - Natal/RN

 
Parnamirim/RN -  07/04/2013
 
 
 
Roberto Cardoso
(Maracajá)
 
 
Cientista Social
Jornalista Científico
 
Sócio Efetivo do IHGRN
(Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte)